domingo, 7 de dezembro de 2014

Costelinha e tutu de feijão - Minas é aqui!

Os tomates de Diletinha em um bonito vinagrete meio "rústico"...
Então tá! Minha filha não é mineira, chama-se Mariana mas não é em homenagem à histórica cidade mineira, apesar que tem uma foto da bichinha ao lado da placa da cidade de...Mariana!
Mas..talvez, sei lá, quem sabe...meus anos de estudos em Minas, mais precisamente em Lavras, influenciaram seu paladar. Pois se tem alguém para pedir e repedir costelinha de porco com mandioca e tutu de feijão...esse alguém é Mariana.
Acho um prato "custoso", que faz uma bagunça danada...mas enfim..mamis é mamis, e taca a encarar o fogão.
Existem diversas receitas que se propagandeiam a "verdadeira" receita do tutu mineiro..mas sabe o que eu acho? Existem várias, dependendo da região, do que se tinha à mão nos tempos idos..só sei que tem uma detalhe crucial para o tutu ser, ora bolas!, um tutu dos bons: o feijão tem que ser macio, novo ou quase novo e tem que ser batido no liquidificador (isso em nossos tempos modernos...mas na época dos engenhos deveria ser socadinho no pilão) ...se não for assim é virado ou qualquer outra coisa mas não é tutu. 
A receita abaixo eu aprendi com a mãe de uma amiga mineirinha (lá de Lavras) e ela me ensinou que o tutu tem que ficar macio, por isso o "pulo do gato" é a quantidade de farinhas - sim porque ela usava a de milho e a de mandioca crua -que será utilizada. Outro "pulo do gato" é a torradinha que a farinha leva antes de ser adicionada ao tutu. Mas como disse: cada um tem sua receita "verdadeira" e "superior à todas". O que realmente importa: fazer o prato com tempo,paciência,acompanhado de um bom bate papo e uma caipirinha feita no capricho. Depois é necessário que se descanse...pois o prato não é para qualquer um, digamos que é para os "fortes".
Gostoso, tradicional, expressão cultural de um Estado...enfim, esse é o tutu com costelinha de porco e mandioca no capricho.
O certo seria uma panela de ferro, mas "nuntenho"....
Tutu à mineira 

Ingredientes

3 xícaras (chá) de feijão carioca cozido com seu caldo
4 dentes de alho amassadinhos
1 cebola média picadinha
2 ovos cozidos
1 linguiça calabresa cortada em rodelas
1 xícara (chá) bacon picadinho
1 colher (sopa) de  óleo vegetal
sal e pimenta do reino a gosto
salsinha e cebolinha verde picadinhas 
1/4 xícara (chá) de farinha de milho mais fina
1/4 xícara (chá) de farinha de mandioca crua

 Como fiz

Primeiro bati o feijão no liquidificador e reservei. Depois fritei o bacon no óleo, até ficar bem crocante. Separei um pouco das gordura que restou, aproximadamente 01 colher (sopa) e com ela dei uma torradinha na farinha de mandioca (dica da mãe mineira!), paciência nessa hora, tem que ser em fogo bem baixo, mexendo e mexendo sem parar para que a farinha não queime. Hora de adicionar a farinha de milho e incorporar, mexendo sempre, até ficar uma mistura homogênea. Reservei.
O próximo passo é fritar a linguiça calabresa (fatiada) e escorrer a gordura que ela solta (essa gordura será aproveitada no refogado para o tutu).
Eis que chegou o momento do refogado: utilizei a gordura restante tanto da fritura do bacon como da calabresa para dourar o alho e a cebola. Depois coloquei o bacon reservado,  a pimenta do reino e o sal. Misturei bem e acrescentei o feijão batido. Fogo baixo sempre, mexendo de vez em quando, por uns 10 minutos.Corrigi o sal e não sendo nada fiel à tradição coloquei o tempero verde picado, pois não vivo sem ele. Também não fui fiel em relação ao bacon, normalmente não é utilizado no tutu. Mas filha gosta, fazer o quê?
Finalmente, sempre aos poucos, fui adicionando a mistura de farinhas até atingir uma consistência de purê mole (ou seja: pode ser que não seja utilizada toda a farinha, o importante é o "ponto" que deve ser respeitado). Deixei mais alguns minutos no fogo baixo, mexendo sempre e só depois coloquei em um refratário.Finalizei com a linguiça calabresa e os ovos cozidos passados no ralo grosso (isso foi coisa minha, mas a receita original pede os ovos fatiados). Servi imediatamente pois a tendência do tutu é encorpar enquanto esfria. 
Dá trabalho, mas é coisa de "louco"...
Costelinha de porco com mandioca

Ingredientes
 1 e 1/2 kg de costelinha de porco "carnuda"
suco de 02 limões médios
6 dentes (grandes) de alho amassados 
2 folhas de louro
pimenta do reino a gosto
sal a gosto
2 colheres (sopa) de óleo vegetal (uso o de milho)
1 cebola média cortada em meia lua
1/2 kg de mandioca cozida com um pouco de sal e sem o fiapo central
salsinha e cebolinha picadinhas
Como fiz

A '"labuta" começou um dia antes, ou melhor, uma noite antes. Limpei as costelinhas, retirando o excesso de gordura, mas deixando um pouco, visto que ela é essencial para o bom resultado da iguaria. Depois temperei com o alho, a pimenta do reino, o suco dos limões, o louro, sal e reguei com o óleo vegetal, misturando bem, para que todas as costelinhas ficassem com tempero e bem untadas. Tampei o recipiente e levei à geladeira até o momento do preparo do prato.
Aviso aos navegantes: é demorado. Aviso aos incautos: requer total atenção. Aviso aos corajosos: vale a pena.
Em uma panela de fundo grosso e espaçosa, já bem quente, coloquei as costelinhas. Mexendo sempre. Ela solta água, demora para secar...mas fazer o quê?  Continuar mexendo, ora essa! Deixei uma chaleira com água bem quente por perto, quando esfriava um pouco, esquentava novamente.
Quando começou a pegar no fundo, coloquei um pouco (mas é pouquinho mesmo, senão vira costelinha cozida..urgh!!) de água. Essa água vai adquirir a coloração dos resíduos que vão se acumulando no fundo da panela e que na verdade confere o sabor à carne. 
Essa operação foi repetida inúmeras vezes por aproximadamente 2 horas (SIM...DUAS HORAS!), sempre colocando um pouquinho de água, virando as costelinhas de lado e deixando quase "pegar" no fundo novamente. 
Nesse tempo a costelinha foi soltando sua gordurinha ou seja: a bichinha foi derretendo sua banha o que fez com que depois de macia já houvesse gordura suficiente para que a costelinha "fritasse", adquirindo uma linda cor dourada. 
Nesse momento juntei à costelinha a mandioca já cozida. Também foi a hora de corrigir  o sal e colocar a cebola no "tacho". Fogo brando, mexendo sempre, até que a mandioca também ficasse douradinha e a cebola murcha. Retirei do fogo (sem as folhas de louro), coloquei a salsinha e servi com limão.
Acompanhamento: arroz branquinho e uma couve "assustada" rapidamente no alho e azeite. Detalhe: fininha, porque é couve mineira, tá bom?
E dessa vez tinha uns tomatinhos cereja delícia da minha amiga Diletinha e fiz um vinagrete rústico para ninguém botar defeito. 
Simples assim: tomatinhos cereja pela metade, pimentão e cebola em cubos não muito pequenos,azeite, vinagre, um pouco de limão e sal. Deixei curtindo enquanto preparava o resto da refeição...ou seja...curtiu por um bom tempo, visto que a coisa foi demorada!

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