Jodie Foster mostrando o que uma atriz de verdade tem... Imagem: osanos80.blogspot.com |
Não sei se esse filme é considerado um clássico pelos críticos de cinema. Para mim é e como eu mando nesse cafofo..rsrsrs...aqui ele é um...clássico. Uma pequena obra-prima.
É um filme que aborda um tema espinhoso até hoje e por isso corajoso. A "mocinha" (Jodie Foster) que de "mocinha" não tem nada é dura, calejada, vulgar e provocativa. Mas tem algo que preserva: sua dignidade e seu direito de dizer "não". Tem algo mais também: coragem para se expor, mesmo sabendo que de vítima poderá se transformar eu culpada por seu modo de vida, seus hábitos e seu comportamento na noite em que o fato ocorreu (estupro).
Advogada e cliente na mesma sintonia...acusar e punir! http://cinemacomrapadura.com.br |
Mesmo assim não se dobra, não se conforma com o primeiro acordo feito por sua advogada de defesa (Kelly McGillis), e acaba servindo de alerta para sua defensora para o quanto podemos ser medrosos quando temos tudo para sermos acossados ou derrotados. Mesmo assim não desiste (é..e ela não é brasileira, daquela raça que "não desiste nunca"...segundo um slogan oficial).
Nesse filme podemos perceber a grandeza de Jodie Foster como atriz. Fica clara a dimensão complexa que dá à sua personagem de palavras e gestos duros. Mas ao mesmo tempo sofrida, humana e ciente de seus direitos. Por sua atuação levou o Oscar e o Globo de Ouro.
Sim, ela foi abusada no seu comportamento. Sim, ela estava com raiva do namorado e saiu para a noite, para a "desforra", para esquecer, para provocar, para se vingar, seja lá para o que for. Sim, ela dançou de forma insinuante. Sim, ela deu mole. Sim, ela parecia querer.
Mas ela não queria e disse não. E esse "não" foi ignorado, não apenas pelo primeiro estuprador, mas pelos que se seguiram, incitados por uma platéia masculina, cruel, arrogante e baixa.
Até hoje a culpa pelo estupro muitas vezes é imputada à vítima. Ela me provocou, ela estava de saia curta, ela estava de decotão, ela rebolava o bumbunzinho, ela me olhou com olhos de Capitu...e daí?
Ela não consentiu. Ponto.
Existem mulheres vulgares assim como existem homens vulgares: com frases de duplo sentido, com mãos "bobas", com coçadinhas no saquinho, com piadinhas vulgares, com voz cafajeste..então.podem também ser estuprados? Eles também estão "dando mole"? Se eles disserem não cabe à estupradora enfiar-lhe um Viagra goela abaixo e forçar o ato?
A lição que esse filme nos dá é que independente do que somos temos sempre o direito de dizer: não quero!
E também o direito de que esse desejo seja respeitado.
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