domingo, 25 de setembro de 2011

Não é bobó, não é escondidinho....mas é bão!


Pena que a foto seja antes do prato ir ao forno...foi um junto e misturado do que tinha na geladeira, ficou bem gostoso. Depois do tempo de forno, ficou dourado e bem crocante por fora e muito macio por dentro...a foto do depois escafedeu-se!!!
A base de mandioca lembra um pouco o bobó devido à adição de leite de coco, mas a montagem lembra também o escondidinho. Na próxima, farei o recheio de camarão ou palmitos, acredito que ficará uma combinação mais harmoniosa.
Mas para o dia a dia, esse prato acompanhado de uma saladinha de folhas é mais que recomendado!

Ingredientes
Creme de mandioca
500 g de mandioca cozida com um pouco de sal e passada no espremedor de batatas
2 colheres (sopa) de manteiga
1/2 xícara (chá) de leite de coco

Refogadinho de carne moída
500 g de carne de moída de primeira
1 cebola média picadinha
2 dentes de alho amassadinhos
1/2 pimentão verde picadinho
1/2 pimentão amarelo ou vermelho picadinho
pimenta do reino a gosto (opcional)
3 colheres (sopa) de azeite
cheiro-verde picadinho
3 tomates bem maduros, sem pele e sem sementes, triturados
1 folhas de louro

Cobertura
1 xícara (chá) de requeijão cremoso (usei o verdadeiro Catupiry)
1/2 xícara (chá) de creme de leite fresco
1 xícara (chá) queijo coalho ralado grosso (pode usar um bom parmesão)
azeite para finalizar.

Como fiz

O creme de mandioca fiz derretendo a manteiga e adicionando o purê de mandioca (caso não queira passar pelo espremedor, pode bater no liquidificador-com um pouco do leite de coco ou passar pelo processador) e o leite de coco, misturei bem. Reservei.

Recheio
Dourei o alho e a cebola no azeite, juntei a carne moída e deixei suar, mexendo sempre para soltar os grumos (é importante que nessa etapa não entre sal, para que a carne não forme os tais "grumos") até que mudasse de cor. Acrescentei os pimentões,o louro, a pimenta e os tomates triturados. Juntei um pouco de sal, mas sempre menos do que o esperado. Reduzi o fogo ao mínimo, tampei a panela e deixei assim até que os tomates e a cebola praticamente derretessem. Normalmente deixo o refogado bem sequinho, mas dessa vez a pressa (compromissos) não permitiu que chegasse ao ponto ideal, ficando um pouco mais para molho, o que interfere na consistência do prato...mas não no sabor, tem gente no cafofo que prefere assim...mais molhadinho. Depois corrigi o sal, retirei a folha de louro e acrescentei o cheiro verde picadinho

Cobertura
Misturei o creme de leite fresco ao requeijão, incorporando bem, até ficar homogêneo. Não coloquei nada de sal pois o queijo já é salgado.

Montagem
Untei um refratário levemente com azeite e coloquei o refogadinho de carne moída, por cima espalhei o creme de mandioca, alisando com uma espátula para que ficasse bem nivelado. Espalhei então a mistura de creme de leite com requeijão.Finalizei com o queijo coalho ralado e um fio de azeite por cima. Levei ao forno até ficar uma douradinho e crocante.

Primavera bate à porta!

Nem toda hora é obra/ Nem toda hora é prima
Algumas são mães/ Outras irmãs
Algumas clima
Paulo Leminski

Clima de primavera...como já disse o poeta Drummond: "...no Brasil não existe outono, mas as folhas caem..."
No Brasil existe primavera, as flores aparecem...às vezes um pouco antes, às vezes um pouco depois...o que esperar do clima de um país, onde a Flor-de-Maio muitas vezes aparece em junho?
Mas o importante é que as flores aparecem e se apresentam para nosso encanto!
Imagem: http://divasvintageme.blogspot.com

Inverno / primavera / poeta é / quem se considera.
Leminski again

Primavera cruza o rio/ Cruza o sonho que tu sonhas
Na cidade adormecida/ Primavera vem chegando
Mário Quintana

domingo, 18 de setembro de 2011

Bolo de carne moída recheado com purê de batata

Então tá...sem muito tempo para fazer um almoço e filho em casa, o negócio é ir pela praticidade...e praticidade para mim significa poucas panelas para lavar no after, algo assando enquanto o restante da refeição vai sendo feito e acima de tudo nada de frituras, que exigem aquela "limpeza" depois.
Juntei então duas coisas que meu filho gosta: bolo de carne moída e batatas. Batatas apreciadas de todas as formas...como já disse: é um batateiro!
Ficou bom, acompanhado de um arroz branquinho e soltinho além de uma caprichada salada verde.

Ingredientes
Para o bolo de carne moída
1/2 kg de carne moída de primeira
1 xícara (chá) de bacon picadinho
1/2 xícara (chá) de sopa de cebola (daquelas mesmas...do pacotinho)
salsinha e cebolinha micropicadinhas a gosto
1/2 xícara (chá) de cebola micropicadinha
1 colher (sopa) de azeite
1 colher (sobremesa) de mostarda
1 ovo batidinho

Para o purê
1/2 kg de batatas cozidas com casca e sal até ficarem macias
1 colher (sopa) de manteiga com sal
2 colheres (sopa) de creme de leite fresco
1/4 xícara (chá) de leite
E ainda.....
100 g de muçarela fatiada

Como fiz
Dourei a cebola no azeite e a adicionei à carne moida, junto com os outros ingredientes,agregando bem. É bom provar o sal (sopa de cebola e bacon já o possuem). No meu caso foi a conta certa de sopa de cebola, mas se for necessário dar mais "liga" ao bolo adicione mais um pouco ou complete com aveia, fica melhor ainda.
O purê foi feito daquele jeito, né? Depois de macias, descasquei as batatas e passei-as pelo espremedor. Com essa massa ainda bem quente juntei os outros ingredientes, levei ao fogo baixo e deixei os liquídos reduzirem um pouco. Reservei para amornasse (afinal nada da muçarela derreter antes de ir ao forno!).
Untei uma forma com azeite. Em uma superfície (granito da pia) estendi um pedaço de filme plástico, sobre ele coloquei a massa de carne moída, espalhando-a bem, deixando nivelada e dando uma forma retangular. Sobre ela coloquei as fatias de muçarela e em seguida espalhei o purê já morno. Com a ajuda do filme plástico fui moldando o bolo. Retirei o filme, reguei com azeite e levei ao forno até que a crosta estivesse bem crocante e assada.
Foi isso!

sábado, 10 de setembro de 2011

O comer brasileiro pelos tempos 6

Então chegamos à década de 60 do século passado. Década emblemática, revolução dos costumes, Guerra do Vietnã, muitas experiências com drogas, Woodstock, Beatles, Rolling Stones, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, pop art, novelle vague, pílula anticoncepcional, Ditadura no Brasil, guerrilhas, Tropicália, Caetano, Mutantes, Torquato Netto, o Bandido da Luz Vermelha, Leila Diniz, O Pasquim, Jovem Guarda, Wilson Simonal, Brasil Ame-o ou Deixe-o, Araguaia, Maio Francês de 68..Brasil Tricampeão do Mundo, tortura, Festivais de Música, Upa Neguinho!, Elis, Domingo no Parque, Gil, Sem lenço, sem documento, Alegria, Alegria, Para não dizer que não falei de flores, Vandré, Ponteio, Edú Lobo, Mary Quant, mini saia, Realidade...mas que década!Quanta alegria, sofrimento, esperança...Era de Aquarius, Hair...o mundo ia ficar melhor, as pessoas redescobririam valores elementares...ah!ah! se vissem o mundo de hoje. Que desilusão, né não?
Tanta violência, tanta impunidade, tanta falta de valores, tanto consumismo, tanta competição...livros de auto-ajuda que te ensinam sempre: ser vencedor, ser vencedor, ser vencedor!
Todos participando de uma corrida maluca, para adquirir hoje a tecnologia ultrapassada de amanhã, para consurmimos e ao mesmo tempo sermos outdoors de marcas, para dizer que sim "estamos sempre bem", que sim não existe mais tristeza, que sim ela é tão sublimada, que quando se mostra já virou depressão...mas estamos aí, tudo que vem em excesso um dia implode.

Imagem: http://gwgastronomia.tempsite.ws
Então parece que nessa década as churrascarias criaram força - Baby-beef Rubaiyat, Rodeio, Dinho's - e seria no Rodeio que um dos ícones da culinária paulistana surgiria: a picanha maturada fatiada.
E os filets - sempre eles! - também aparecem repaginados o "chique" Steak au poivre (filé com pimenta verde) que fazia a glória do restaurante Patachoux em Sampa e do Antonius no Rio de Janeiro...segundo uma das lendas sobre sua origem, seria um prato parisiense de autoria do lendário Maxim's...mas os súditos de Mônaco também dizem: é nosso!...seria uma criação do Hotel Paris, que fica no principiado. De qualquer forma, Paris se faz presente!

Imagem: http:// bigblackdogs.net
Aparece também o Steak à Diana (à base de molho inglês) e o Filet ao Molho Madeira, parece que os acompanhamentos eram meio fraquinhos, uns legumezinhos (panaché).


Imagem: http://www.meatcookingexpert.com

Bom..mas nem tudo foi carne, o Capeletti à Romanesca, até hoje ofertado em qualquer cantina que se preze, com creme de leite, presunto cozido, champignon, ervilhas e manteiga foi criado desse jeitinho aqui no patropi pelo Giovanni Bruno. Mas parece que foi mais uma receita modificada, adapatada ao gosto brasileiro e aos produtos disponíveis.



Olha a Paella do Don Curro aí gente.....
Imagem: http://www.goodlight.com.b
A Paella dá suas caras por aqui através do restaurante Don Curro, de propriedade de um ex-toureiro espanhol Francisco Domingues. Cheio de macetes para ser feito, com muitos, mas muitos frutos do mar....e que pede sempre uma praia, um vinho de acordo e bem gelado...esse por sua dificuldade ainda não frequenta os quilos do país....mas se chegasse ia ter um queijo tipo "Catupiry", ou seria aos quatro,cinco..vinte queijos, ou teria creme de leite longa vida...qualquer coisa assim..ah..ah.e.batata palha por cima.
Culinária? Qualé?...paz, amor, Janis e Hendrix para nós...
Imagem:http://www.google.com.br/imgres
Parece que nessa época o povo estava tão preocupado em mudar o mundo e se dedicando à outras práticas (amor livre, drogas para abrir as portas da percepção, rock, etc..etc..) que a culinária ficou meio em segundo/terceiro/nenhum plano e quem diria que iria ficar tão na moda, de um jeito mais chique - gastronomia! - no ínício do século XXI!!!

Batata com molho de iogurte


Vamos combinar que parece bom...é é!!!!
Para acompanhar uma carne assada, fiz essas batatas com molho de iogurte e uma salada verde. Gosto muito de iogurte natural, tanto para acompanhar saladas, comer puro ou com frutas. Ou batido (quase congelado) com uma frutinha bem gelada, dizem que é um tal de "smooth". Tenho ampliado seu uso, seja em pães, bolos ou salgados em geral. Isso sem falar nos "frozens iogurtes" que pintam no cafofo sempre que faz calor.  Receitinha rápida e delícia, vamos nela?

Ingredientes

4 batatas grandes (usei Asterix por ser mais firme)
1 pote de iogurte natural consistência firme
1 colher (sopa) de margarina light ou manteiga (se quiser pisar na jaca)
pimenta-do-reino branca moída na hora
cheiro -verde micropicadinho (a gosto)
azeite quanto baste
1/2 cebola (usei da roxa) micropicadinha
1 colher (sopa) de requeijão tradicional (de copinho, usei o light)
sal a gosto

Como fiz

Descasquei e cortei as batatas em fatias médias, cozinhei-as em água e sal ( pouco, pois o molho já contém), mas não muito.Devem ficar macias, mas firmes. Escorri, reguei com um fio de azeite e reservei.
Para fazer o molho derreti a manteiga/margarina e coloquei a cebola até murchar. Coloquei o iogurte, o sal e deixei aquecer bem, pero não muitcho a ponto de ferver...acrescentei o requeijão, a pimenta-do-reino e já fora do fogo o cheiro-verde micropicadinho. 
Depois é só colocar sobre as batatas e apreciar.
Muito simples, poucos ingredientes e um acompanhamento super gostoso para uma carninha (assada/bife/frango/peixe/etc/etc/etc...). 

domingo, 4 de setembro de 2011

Risotto de Palmito


Risotto..risotto...palmito...palmito...duas coisas adoradas no cafofo! E quando se juntam então....aí faz a alegria de seus habitantes.
Bem, pelo que leio risotto é algo assim, cheio de segredos, de mumunhas não sendo fácil atingir seu ponto perfeito. Já comi em restaurantes, uns melhores outros piores.  
Ora...aqui o risotto é nosso mas tento fazer dentro das recomendações "técnicas"...se fica do jeito que deve ficar um vero risotto? Aí já não sei, porque nunca um especialista na coisa provou do meu.
Mas descobri que faço uns lances como manda o figurino, um tal de soffritto, que é o meu "refogadinho" de cebola na manteiga. Sim, corto-a em cubos, sim douro-a lentamente na manteiga, sim deixo ficar transparente. Viva!
Descubro e mereço vivas novamente que outro ingrediente essencial, o brodo, que é nosso caldo de legumes, frango ou carne é feito por essa pessoa de forma correta. E que não coloco sal e nem alho, como manda a tradição.
E também uso vinho de boa qualidade, deixo evaporar, o arroz fica al dente...agora a cremosidade é algo subjetivo para mim. Gosto dele úmido e cremoso. Conforme vai esfriando enquanto se come vai secando um pouquinho,né? Porque aqui a gente conversa enquanto come..que coisa!
Mas gostamos dele assim, do jeito que está na fotinha..esse é o nosso ponto. Cada cafofo uma sentença!

Ingredientes
1 litro e 1/2 (aproximadamente) de caldo de legumes (esqueça o tabletinho, faça o seu, compensa!)
2 colheres (sopa) de manteiga
1 cebola (média) micropicadinha
2 xícaras (chá) de arroz arbóreo ou canarolli
1 xícara (chá) de vinho branco de boa qualidade
1/2 xícara (chá) de parmesão ralado grosso (opcional)
1 colher (sopa) bem cheia de manteiga
2 xícaras (chá) de palmitos em rodelas
azeite de oliva
pimenta do reino branca (moída na hora) a gosto

Como faço
Normalmente faço o caldo de legumes (brodo, tá?) um dia antes, já postei essa receita, para que os sabores se acentuem. Então, vamos começar?
Afervento os palmitos,escorro, corto em rodelas e rego com um fio de azeite. Reservo.
Coloco o caldo de legumes em fogo baixo para aquecer. Enquanto isso douro (soffritto, hein?) a cebola na manteiga até ficar transparente, junto o arroz (que mandam não lavar, mas que de vez em quando, dependendo da suspeita eu lavo rapidamente) e agrego bem à mistura de cebola e manteeiga. É hora de colocar o vinho branco, abaixar o fogo e mexer até que este se evapore. Então vou juntando aos poucos o caldo de legumes, começa a secar, coloco mais, até quase ficar no ponto desejado: arroz al dente e cremoso.
Salpico a pimenta do reino e a incorporo junto com os palmitos ao risotto. Deixo atingir o ponto desejado, desligo acrescento a manteiga e cubro a panela por alguns minutos com um pano de prato para conservar a umidade.
O queijo parmesão é opcional. Com os filhos em casa eu coloco. Sem eles... coloco não!
Depois é só apreciar o risotinho e beber o vinho que sobrou para o santo..ou santa...ou santos. 

Aniversário!

"São mitos de calendário/ tanto o ontem como o agora,/ e o teu aniversário/ é um nascer a toda hora."
Carlos Drummond de Andrade

Quando temos filhos nossa percepção da vida, da fragilidade e da beleza do viver, fica mais apurada. Desenvolvemos afetos que não sabíamos dentro de nós. Descobrimos medos: de não saber cuidar do bebê, de não descobrirmos uma possível doença, de não conseguir lhes transmitir o amor que neles depositamos, de que sofram - sofrimentos que não conseguiremos evitar- no mundo que transitam e que está além de nós.
Queremos que sua caminhada seja suave, sem percalços e sem dores, sem angústias e sem dúvidas...que todos por eles se enamorem, que o sol lhes dê uma iluminação própria e carinhosa e que a lua seja seu satélite e não da Terra.
Ao mesmo tempo tentamos educá-los. E sempre nos perguntamos: no que consiste educar?
Devemos educá-los de forma dura e racional? De tal forma que saiam do ninho como guerreiros bem treinados e armados para enfrentar suas batalhas? Ou devemos educá-los para que se tornem doces, sensíveis e compassivos, de tal forma que isso possa sugerir fraqueza e assim sendo, serem espezinhados pelo que está fora do controle de nossas mãos?
Sempre tentei o meio termo. E nem sempre tive sucesso. Mas tive sucesso no que mais importa: ambos são detentores de bom caráter, de princípios sólidos porque foram desenvolvidos por eles próprios e o principal, um apurado senso crítico, o que é importante para que estejam abertos à mudanças externas e internas, se forem necessárias.
Tentei preparar os meus filhos para um mundo que não é fácil...cada dia mais difícil...onde é preciso ter foco para não se perder no meio do caminho. Mas ao mesmo tempo com um olhar carinhoso sobre esse mesmo mundo. Um olhar de aceitação para os que não tiveram suas oportunidades de estudo, de opção por uma carreira e acesso à cultura. Poderia ter sido mais, oportunidades melhores, porém a maioria sequer tem isso.
O que hoje entendo é que cada vez mais esse "educar" - de sentimentos, de posições, de postura diante da vida - vai ficar em suas próprias mãos. Afinal, se não somos arrogantes, sabemos que nos "educamos" até o suspiro final. Mudar, passar à limpo, aceitar o que não aceitávamos ou descartar o que já não nos é aceitável, perceber que a ética é afinal o único norte que possuimos e que a moral interna é o nosso fio condutor faz com que tenhamos consciência que estamos sempre renascendo.
E que só os sobreviventes renascem. E que renascer muitas vezes é mais bonito do que simplesmente nascer.
Parabéns meu filho, tua vida cada vez mais está em tuas mãos! Que elas sejam generosas e te apontem o caminho da felicidade, que nunca é oriunda de apenas um fator, mas de diversos, que como fios formam a teia que nos mantém vivos.
Não sabemos ao certo o que é a essência da vida, sua finalidade e por que estamos aqui. Mas é justamente esse mistério que nos dá a opção de torná-la um fardo ou um presente.
Que sua opção seja encará-la como um presente. E que à cada embalagem retirada ela se revele um presente muito mais belo do que o esperado.

O bolo é da Akemi do blog http://pecadodagula/, e pensar que acompanhava seu blog lá do Japão...quem diria que um dia chegaria até Maringá, onde meu filho estuda e faria um bolinho para ele! Essa é a vida, cheia de surpresas.
Bem, meu filho e amigos adoraram o bolo. Parece que foi uma combinação meio inusitada mas bem de acordo com o que ele gosta - nozes e morangos- afinal, tudo junto e misturado!
Com certeza a comemoração foi bem mais doce e saborosa com um bolo que, a gente sabe, foi feito com tanto capricho.
Que inveja...não provei essa gostosura!

sábado, 3 de setembro de 2011

Feijoada e Encontro

 
INFÂNCIA (2)
Eu matei minha saudade mas depois
veio outra
Cacaso, 1982

Então, finalmente, reencontro meus dois filhos ao mesmo tempo e no mesmo local após a Páscoa! Como nossos encontros ficaram complicados! Temos que conseguir adequar o tempo de cada um, os dias livres para isso têm que coincidir e etc..etc.. Por isso esse poema do Cacaso representa tanto para mim, o título já diz: Infância!
Que saudades tenho quando eles eram crianças, que bastava colocá-los na caminha, para sentí-los protegidos! Mas eu também saí um dia da caminha de casa, corri meus perigos e tive meus desafios.
Agora é a vez deles, e como um dia disse a filósofa Rita Lee: cada época tem seus desafios!
Ou seja: o mundo e os perigos não acabam em nós. Mas as soluções também não! Ainda bem...
Minha filha pediu feijoada. Apesar de já não estar tão frio (associo feijoada com temperaturas mais amenas, quando ela pode ser apreciada sem que o cristão sue em bicas) acatei o seu pedido. Particularmente não sou das maiores adeptas da feijoada, se bem que a aprecie uma ou duas vezes por ano.
Não costumo colocar a orelha e nem o rabicó do suíno, exceto quando tenho algum convidado que goste.
Para os puristas essa não seria uma verdadeira feijoada, para nossa família é a mais gostosa.
Nas fotos o feijão preto, um dos astros desse prato, não aparece. Minha filha deixou o coitado soterrado sob as carnes. Mas ele participou e bastante da iguaria brasileirinha, viu gente?
Nada de modéstia....o negócio é exagerar no pratão....

Ingredientes
Feijoada
1 kg de feijão preto
500 g de carne-seca cortada em cubos
1 xícara (chá) de bacon defumado picadinho
2 paios cortados em rodelas
1 linguiça calabresa defumada cortada em rodelas
500 g de costelinha suína defumada
200 g de lombo de porco defumado (opcional) cortado em cubos médios
1 cebola grande micropicadinha
4 dentes (grande) de alho amassado
2 folhas de louro
1/2 copo (requeijão) de suco de laranja coado
1/4 xícara (chá) de aguardente
pimenta-do-reino a gosto
sal a gosto
3 colheres (sopa) de azeite.

Vinagrete
1/2 pimentão vermelho picadinho em cubos
1/2 pimentão amarelo picadinho em cubos
1/2 pimentão verde picadinho em cubos
3 tomates firmes, sem sementes, picados em cubinhos
1 cebola (média) picadinha
salsinha e cebolinha picados a gosto
sal a gosto
1/4 xícara (chá) azeite
2 colheres (sopa) de vinagre
2 colheres (sopa) de suco de limão

Farofa

1 xícara (chá) de bacon cortado em cubos
1 cebola média picadinha
3 colheres (sopa) de manteiga
Farinha de mandioca a gosto
sal a gosto
salsinha e cebolinha a gosto

Como faço

Na véspera deixo o feijão, a carne-seca e a costelinha de molho,em vasilhas separadas. Troco a água da carne seca e da costelinha pelo menos duas vezes. 
Dou uma aferventada nas carnes para retirar o excesso de gordura, inclusive na linguiça e no paio. Só não afervento o lombo e o bacon. A carne-seca deixo cozinhando mais um pouco para que quando se juntar ao feijão já esteja um pouco macia.
Cozinho o feijão com  a costelinha, a carne-seca e folhas de louro até ficar macio. Enquanto isso escorro e reservo o paio e a linguiça que foram aferventados. À parte frito o bacon, se soltar muita gordura acrescento menos azeite para o refogado ou não acrescento. Junto então o paio, o lombo e a linguiça calabresa, deixo  fritar um pouco, acrescento o alho deixo dourar e depois a cebola que também deve ficar douradinha ( e não queimadinha...). É hora de juntar à essa "tchurma" o feijão com a carne-seca e as costelinhas. Abaixo o fogo, junto a aguardente e o suco de laranja. Mexo bem e provo o sal. Se preciso coloco um pouco, mas bem pouco, visto que o líquido vai reduzir e o sal se acentuar.
A aguardente e o suco de laranja reduzem (dizem..dizem...) a oleosidade do prato e acrescentam sabor. Mesmo quando não coloco a aguardente, não deixo de colocar o suco de laranja...acho que dá um up especial mesmo.
Agora é a hora de você decidir: pimenta ou não? E qual tipo de pimenta...Isso vai do gosto de cada um.
É importante não ter pressa, que os sabores se agreguem durante um cozimento lento, preguiçoso e acompanhado de uma boa prosa e biritas.
O ponto ideal é quando o caldo está bem espesso, mas não seco. É hora de verificar se necessita corrigir o sal. Pronto!

É hora da farofinha: frito o bacon, se produzir pouca gordura já acrescento a manteiga. Se produzir muita, retiro um pouco. É importante que essa farofinha fique úmida, mas não encharcada de gordura. Douro a cebola. Reduzo a chama ao mínímo e vou acrescentando a farinha de mandioca (uso a crua) ao poucos, mexendo sempre, carinhosamente e sem pressa, até que doure. Mexer continuamente é o segredo para que a farinha não queime. A quantidade de farinha vai do gosto da criatura que está suando sobre o fogão. Pode ser mais ou menos, dependendo do resultado desejado, uma farofinha mais úmida ou mais enxuta. Eu sempre prefiro mais úmida. Por isso é importante que ela seja colocada aos poucos para o controle da umidade desejada.
Depois de bem douradinha, corrijo o sal e acrescento o cheiro verde micropicadinho.

É hora do vinagrete: o vinagrete é essencial aqui no cafofo para acompanhar feijoadas e churrascos. Não tem segredo, é juntar tudo o que consta nos ingredientes. A quantidade de azeite, de limão, de vinagre e de sal vai do gosto de cada um, é essencial que o sabor fique marcante,  mas com o sal e a acidez na dosagem exata. Não é tão fácil como parece.
Alguns costumam colocar água para "refinar" a consistência do vinagrete. Não costumo fazer isso. Um truque é colocar um pouco de sal no tomate picado antes de misturar os demais ingredientes e deixar por um tempo. O tomate soltará seu próprio líquido, só então acrescentar o restante.. Ficará leve, não muito espesso e bem saboroso.
Os demais acompanhantes são os de sempre, né? Arroz branco soltinho e gracioso, couve muito fininha, passada rapidamente no azeite e no alho (não deixe suar, é jogo rápido mesmo), laranja descascadinha e geladinha, muita fome, muita alegria no estar junto e muito não fazer nada depois.

Porque depois de uma feijoada no capricho a gente quer mais é que o mundo se acabe em barranco para morrer encostado.
Cadê o feijão que estava aqui? As carninhas esconderam....